27 maio 2014

Resenha: Feitiço







Livro 2 da Saga Encantadas

Autora: Sarah Pinborourgh
Editora: Única 
Páginas: 243
Assunto: Recontagem de contos de fadas, Cinderela,
Sinopse: Cuidado com o que você deseja! Para fãs de Once Upon a Time e Grimm, a série Encantadas prova que contos de fadas são para adultos! Você se lembra da história da Cinderela, com sua linda fada madrinha, suas irmãs feias e um príncipe encantado? Então esqueça essa história, pois nesta releitura de Sarah Pinborough ninguém é o que parece. Em um reino próximo, a realeza anuncia um baile que encontrará uma noiva para o príncipe e parece que o desejo de Cinderela irá ganhar aliados peculiares para ser realizado. Contudo, não será fácil: ela não é a aposta de sua família para esse casamento real, e sua fada madrinha precisa de um favorzinho em troca de transformar essa pobre coitada em uma diva real. Enquanto isso, parece que Lilith não está muito contente com os últimos acontecimentos e, ao mesmo tempo em que seu reino parece sucumbir ao frio, ela resolve usar sua magia para satisfazer suas vontades. Feitiço é o segundo volume da trilogia iniciada com Veneno, um best-seller inglês clássico e moderno ao mesmo tempo em que recria as personagens mais famosas dos irmãos Grimm com personalidade forte, uma queda por aventuras e, eventualmente, uma sina por encrencas. Princesas, rainhas, reis, caçadores e criaturas da floresta: não acredite na inocência de nenhum deles! Palavra da editora: Nada é o que parece no segundo volume da saga encantadas! Em Feitiço, Cinderela, com seu desejo desmensurado de fazer parte da realeza, fará qualquer coisa para obter atenção do príncipe. Mas seria mesmo este um final feliz? 




Sem spoilers! 





       Feitiço é o segundo livro da Saga Encantadas, continuação de Veneno. Se em Veneno, acompanhamos a história de Branca de Neve, agora conheceremos Cinderela. E diferente do que se possa pensar, a saga se interliga sim, e as histórias se cruzam. Tudo numa trama surpreendente e extremamente longe dos contos de fadas da Disney. Exatamente como a premissa diz, este livro prova que contos de fadas são para adultos. A série tem maldade, finais não tão felizes, sexo, personalidades em personagens que estão longe de ser exemplos, quebra total de expectativas... entre outras coisas. 

         Cinderela sempre sonhou em se casar com o príncipe, nutrindo uma espécie de amor platônico por ele, através do pôster que tem em seu quarto, e os sonhos de uma vida na corte. Então há toda uma idealização realizada por ela, que mal consegue se conter quando o príncipe resolve fazer bailes para procurar uma esposa. Era a oportunidade perfeita! Um baile como ela sempre sonhou! O príncipe, seu amor platônico, perfeito e disposto a encontrar uma noiva! Só que... Cinderela não tinha condições de ir ao baile. Quem recebe todas as atenções é sua irmã, Rose, enquanto ela se vê esquecida, sem vestido, investimentos em beleza e etc, nem atenção da madrasta, que não garante nem sua participação no baile. E aí já começa o inusitado. Cinderela fica morrendo de inveja, morrendo! Indignada por se ver impedida de ir, e pensando no quanto ela seria melhor que a irmã, se tivesse chance. De cara já percebemos que ela está longe da mocinha educadora dos contos infantis. Assim como suas atitudes sexuais libertas, sem padrões e restrições, tão esperadas em histórias do tipo.

         É no impasse de não poder ir ao baile, que entra sua fada madrinha, garantindo a ela nozes mágicas, sapatos de cristal, e um intrigante cocheiro, que a acompanhará. Só que a fada madrinha é alguém que já apareceu em Veneno, e evidentemente, quer algo em troca de Cinderela. Em troca de ajudá-la a seduzir o príncipe nas noites do baile, mesmo que não garanta os sentimentos dele depois, ela pede que Cinderela vasculhe o castelo em busca de algo para ela. E aí entra a parte em que as histórias se cruzam. Assim como quando passamos a contar com a presença do ratinho, de Veneno, e de outras figuras do volume anterior. Principalmente ao final, as histórias se cruzam e encontram um inusitado desfecho, capaz de quebrar todos os clichés tradicionais em que pensamos. E é isso que faz a série tão boa. O inusitado em meio a um conto de fadas. A quebra total do esperado. Com princesas que atendem seus desejos sexuais, madrastas humanas, e nem tão más, homens surpreendentes, e muito mais. Tudo capaz de criar um enredo envolvente, que traz a atenção dos que já cresceram novamente aos contos de fadas, nestas maravilhosas recontagens, que misturam até personagens externos à proposta original do livro em si. Como na suposta recontagem de Cinderela aparecer Robin Hood. Na verdade, vale ressaltar novamente que isto também é uma continuação da saga! E há a mistura das recontagens contemporâneas, claro.

          Em outras palavras, Sarah P. humaniza os personagens, dando a eles características que acrescentam verossimilhança à história. A dinâmica acrescentada ao enredo, de personalidades que não são totalmente boas ou más, e as surpresas do mal ou do bem vir de onde menos esperamos faz com que cada volume seja ainda mais admirado. A fórmula fatal de mudança de personalidades previamente conhecidas, e a crítica a figuras insinuadas em contos de fadas, aliada a finais chocantes e de fazerem o leitor perder o fôlego transformam a série Encantadas em leituras cativantes, que nos instigam ao máximo para lermos o próximo volume da série.

        Além disso, foi muito legal o modo como a leitura de Feitiço fez com que eu me questionasse a respeito de algumas coisas. Como, por exemplo, a respeito do arrependimento. Cinderela, ao decidir ir ao baile e conquistar o príncipe, acaba roubando o lugar da irmã, que já tinha a atenção dele. Isso faz com que o caos se instale em sua casa, já que sua madrasta só sabe culpar Rose, e se lamentar por ela ser a garota do segundo lugar. A esquecida. A confusão fica ainda pior quando Rose decide fazer mal a si mesma (só direi isso, para não soltar spoilers), para agradar à mãe. Também parei, pela primeira vez, para pensar em como um cara que diz se apaixonar por uma mulher, para encontrá-la, mandar criados atrás dela, com um sapato, que se servir, garante que é ela. Como isso pode acontecer? E ele ainda sair como o perfeito cavalheiro da história? Não queremos ideais assim. Queremos homens que lutem por nós com monstros terríveis. Queremos caçadores... não príncipes mimados e egocêntricos, mas homens de verdade. Será que não se pode ensinar isso às garotinhas? Porque uma hora ou outra todas nós descobrimos. 

      Esse é até outro ponto legal que o livro trás: até onde vai a credibilidade dos ensinamentos dos contos de fadas hoje em dia? O lado péssimo de se idealizar tais tipos de homens perfeitos, os príncipes encantados, que podem se revelar algo muito diverso do imaginado... a quebra das expectativas quando nos damos com a vida real, onde o príncipe precisa ser conquistado e o cara certo, diferente das nossas idealizações. E o fato de que a vida não é como queremos, mas como precisa ser. Com ou sem caçador. Assim como os desencantos da corte dos contos de fadas, onde moram a hipocrisia e o bárbaro disfarçados. Resumindo tudo, é uma recontagem inteligente, divertida, extremamente surpreendente e intrigante. Resumindo mais ainda: leia! Principalmente se você gosta desse ambiente histórico cheio de magia, e do clima de contos de fadas reais e crus.














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