12 novembro 2014

Resenha: Hannah e Emil





 Olá! Como vocês estão? Eu estou louca para ler neste noite de chuva no Rio de Janeiro. Mas antes, vamos falar sobre livros.



Autora: Belinda Castles

Editora: Jangada
Páginas: 376
Assunto/ Categoria: Histórico, Romance Histórico, Ficção americana, Século XX, Segunda Guerra Mundial.
Sinopse: Emil e Hannah vivem em meio ao turbilhão da primeira metade do século XX. Emil, um alemão veterano da Primeira Guerra Mundial, ao voltar para casa, encontra uma nação turbulenta em meio à frenética agitação política da recém-criada República de Weimar. Seu envolvimento com a resistência contra a política de extrema direita do nascente Partido Nazista termina por forçá-lo a abandonar sua família e seu lar. Hannah, uma judia russa determinada a ganhar o mundo, sai de casa para percorrer a Europa... Em Bruxelas, ela encontra um Emil arrasado. Por um breve período, ambos apaixonados, fazem da Inglaterra seu lar. Porém, a tão temida guerra causada pela Alemanha estoura, e Emil, um estrangeiro, considerado inimigo, é preso e em seguida enviado para longe. Hannah, determinada a encontrá-lo, prepara-se para uma viagem perigosa e solitária através dos mares em busca de seu grande amor.







Emoção ou relato fiel distanciado?


     Este livro tem uma premissa forte. E sim, sei que quem acompanha o blog já sabe o que devo dizer quando digo essa palavra. É... ele não cumpriu tuuuudo que eu esperava. Ele promete um romance da segunda guerra, algo como uma história de amor tão intensa que a judia russa vai atrás de seu alemão em plenos tempos de nazismo. E eu vi isso e fiquei: "uau! adoro romances arrebatadores assim!". Só que se você também espera algo assim, esqueça. Não há nenhum tipo de corrida frenética contra o tempo. Nem romance intenso com cenas quentes nem do tipo "preciso desse homem!". É, realmente, mais um diário que ajuda a relatar a época. Não tão romanceado como esperaríamos, mas realista. E um tanto lento. O livro conta desde a infância de Hannah e Emil, até o "fim de suas vidas". Incluindo alguns detalhes da infância desnecessários para a premissa da capa e da sinopse. O romance mesmo só começa depois de um bom número de páginas e não é bem detalhado, intenso, arrebatador. É... a história de duas pessoas que se conhecem em meio ao caos e acabam ficando juntas. Ou a emoção não foi bem transmitida pela autora, ou realmente não havia muita emoção ali - o que acho difícil quando se fala da vida nesse contexto. Porque o livro é inspirado em fatos reais.


      Os capítulos, que são extensos, são alternados entre os pontos de vista de Hannah e Emil. Sendo que a parte de Hannah é em primeira pessoa, e a de Emil é uma espécie de narrador onisciente - que seria Hannah, provavelmente, sem ficar tão na cara, mas que deve ser a fonte da autora. E tudo começa com eles bem crianças, com uns quatro anos ou mais. Narrando detalhes que são memórias. E neste sentido devem ser lidas. Porque depois não há um uso bom para tantas informações no livro. Só o amadurecimento de ambos, para o momento em que se encontram. Por isso mesmo ele parece mais algo como uma biografia modificada que o romance prometido - a tal história irresistível em tempos de desespero. Acredito que fiquei mais decepcionada por isso. Se me dissessem que a história é uma coletânea de memórias de um casal que viveu naquele tempo, humanizando um contexto tão cruel, eu teria aceitado muito melhor, já saberia o que esperar. E avalio um livro dentro daquilo que ele promete. Hannah e Emil me prometeram algo que parecia ter muita emoção, ação, amor... e eu encontrei algo cotidiano no passar dos anos, da vida... Aquele ar de quando você olha para a história de seus tio-avós, dos seus avós, sem sentir realmente a emoção, mas visualizando aquele carinho por saber da história por alto. Sem vibrar como quando uma amiga conta as aventuras do final de semana com o vizinho novo.

     Claro que isso tem seu valor. Adorei a parte histórica, e não cheguei a pesquisar para saber se os relatos históricos usados pela autora foram modificados por ela ou se são verídicos do tempo, passados realmente por seus avós. Mas fala-se em antes de Segunda Guerra Mundial, fala-se na Primeira. No papel da mulher nessa sociedade. Hannah é determinada a ter seu papel garantido: trabalho como forma de mudar algo no mundo, nada  de dona de casa totalmente passiva. Desde jovem ela estuda, busca se preparar e vai tomando espaço como tradutora. Trabalha com sindicatos socialistas. Tem papel importante. Valoriza a mulher nesta sociedade, num século em que a mulher conquista seu trabalho, e todas conseguem mais um pouco de liberdade. Uma primeira fase feminista, mais da mulher branca de classe média que de outras, mas que já foi um passo importante. 

    Da mesma forma, Emil interage com sindicatos. E é por isso que em dado momento se vê ameaçado pelos nazistas. Algo trágico acontece a seu pai, e quando ele percebe, já se viu obrigado a deixar seu país. É fora dele (muitas páginas de livro depois) que ele conhece Hannah. Ela o ajuda. Não há detalhes de como se apaixonaram. Há o momento em que se conhecem. Palavras que deixam o leitor perceber que há carinho e respeito entre eles. E... só. Novamente, não espere um romance intenso que quebra as barreiras do tempo em que está inserido. Ele pode ser este tipo de romance em outro sentido. Há um momento, em que ambos estão juntos, que estoura a Segunda Guerra Mundial. E Emil, sendo alemão, se vê obrigado a ir para outro país fora de onde estava exilado da Alemanha (se não me engano, antes ele estava na Inglaterra), como se estivesse preso, pois há grande desconfiança de que os alemães dentro do lugar sejam espiões, nazistas, coisas do tipo. E lá, ele fica bastante tempo, preso. Sem a vantagem de comunicação que temos hoje, claro. Dependendo de cartas que demoram um tempão para chegar de navio, para se comunicar com Hannah, que nem sabe onde ele está a princípio. Mas ela não desiste dele. Busca-o, vai até ele, e neste sentido a história é muito especial. Realmente, retrata o amor em tempos de desespero. Só que para mim, faltou emoção em como isso é contado. É muito mais a expressão da situação, que a ênfase nos sentimentos. Essa expressão sentimental é sutil, não fisga totalmente o leitor, deixando-o sem fôlego. Senti falta disso.

       Tudo isso que contei, está na sinopse. E só acontece mais próximo do final do livro. Por isso,anteriormente disse que o considerava devagar, pois, novamente, levo em conta a promessa que me foi feita para que eu o lesse. A minha impressão é a de  que a intenção da narração da história foi mal sucedida. De que ela se desvia mais para outro objetivo que para essa emoção prometida. O contexto da Segunda Guerra Mundial, do século XX, é um contexto emocional. De teorias existencialistas. De movimentos que quebrassem a lógica e o padrão dos anteriores. De muita expressão (que o diga o quadro "O Grito"). Então, como não esperar o mesmo desse livro? Como não se decepcionar ao se deparar com uma narração monótona que mais informa historicamente que toca o coração do leitor? Apesar disso, no final, lá no final mesmo, reconheci que já havia simpatizado com Hannah e Emil. Mas porque conheci sua história. Porque admirei muito suas figuras, e principalmente o caráter de Emil e a determinação de Hannah. Não porque eles me fizeram embarcar junto no amor deles. Por isso, você já sabe o que esperar. Leia se a história for de acordo com o que busca. E não busque o mesmo que eu.




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Um comentário:

  1. Ahhh livro com narrativa arrastada ninguém merece, não tenho paciência para livro assim e acabo empurrando a leitura com a barriga =( Pena que esse livro seja assim

    beijos Vivinha, saudades!!!

    beijos
    Kel
    www.porumaboaleitura.com.br

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