19 novembro 2014

Resenha: Insurgente





Olá! Tudo bem com vocês? Eu estou louca pelas minhas férias, para ler muito, fazer uma maratona e tirar o incômodo de olhar para a estante e ver uma fila de meses. Que agonia! Mas dezembro está chegando. Vamos lá!




Autora: Veronica Roth

Editora: Rocco
Páginas: 511
Assunto/ Categoria: Distopia, Literatura infantojuvenil, Organização Social, Realidade Alternativa, Política
Sinopse: Na Chicago futurista criada por Veronica Roth em Divergente, as facções estão desmoronando. E Beatrice Prior tem que arcar com as consequências de suas escolhas. Em Insurgente, a jovem Tris tenta salvar aqueles que ama - e a própria vida – enquanto lida com questões como mágoa e perdão, identidade e lealdade, política e amor. 
















Pode conter spoilers de Divergente





    Insurgente é a sequência de Divergente, da autora Veronica Roth (resenha). O primeiro livro acabou depois de muita ação, num momento crucial, e diferente do filme em alguns aspectos. Por isso, se você viu o filme e não leu o livro, vale a pena ler. Claro. Vocês sabem, o livro é sempre melhor. Insurgente é praticamente uma continuação imediata daquele final. E aparentemente esse início é aquele momento de calmaria da crise. De recuperação dos personagens para os confrontos futuros e de compreensão da situação. Neste contexto, eles estão indo para a Amizade, onde terão abrigo. E o livro nos permite conhecer as outras facções um pouco melhor, pois eles passam por outros cenários também. Ainda que neste volume o "lado de fora" não seja revelado. Pois é, isso é o que mais me deixa curiosa. Insurgente tem jogos de pensamento. Detalhes importantes são passados para os leitores - que nem sempre a Tris percebe - de modo a preparar o cenário para as revelações que virão. Apesar de alguns momentos serem mais parados e eu ter me irritado com o "romance" de Tris e Quatro, a leitura valeu a pena. E novamente, o que mais gostei foi da proposta de distopia e da reflexão humana que o livro traz.


      O mundo criado pela autora é envolvente, porque a questão que muitos se fazem em algum momento da vida "quem sou eu?" é levada ainda mais a sério. Quem você é define toda sua vida. Neste mundo você não pode mudar de ideia depois. Supostamente, o ser humano é imutável e unânime. Capaz de ser somente uma coisa. Pode soar estranho, mas isso me lembra Platão e filosofia da arte (mímesis para ele). A questão é que no nosso mundo isso parece loucura. Ainda mais quando se é jovem quando é necessário escolher algo. Por isso, como não se identificar com a Tris? Com todos os divergentes? Você não é só amigo, franco ou altruísta. Nem totalmente corajoso. Como ser corajoso de verdade sem o altruísmo? Ou sem a amizade? Alguém corajoso que só pensa em si mesmo, que não se arrisca por ninguém porque não tem amigos? A escolha define sim, os personagens, mas a maioria do que sentem, porque em cada um as características existem, só são menos ou mais acentuadas. O extremo seria irreal. Parar para pensar sobre essa questão é incrível. E ver em Insurgente um número ainda maior de divergentes considerados inadequados socialmente: os sem-facção, também. Realça uma ideia semelhante à do nosso mundo. Como a sociedade sempre cobra algo de você. Você não pode ser gordo, mas também não pode ser magro demais. Não pode ser fofoqueiro, mas também não pode ser certinho demais - se não é chato e moralista, tem que ser altruísta, mas não pode ser bobo, tem que se apaixonar, mas não pode se entregar, porque "homens são assim", "mulheres são assim", não se encaixa em nenhum dos dois? Fora! Fora! As pessoas buscam padrões umas nas outras e não veem seus próprios defeitos. Nem aquilo que lhes falta. Nesse mundo as coisas não são tão diferentes. As facções têm cada uma o seu papel, mas quando escolhem, escolhem o que seria melhor para todos. Estar fora de uma fação é não se encaixar em nenhum padrão. É ser excluído da sociedade.

       Este é um paralelo fascinante com nosso mundo. Porque temos uma camada social que parece maioria, um discurso completo de como devemos agir e deixar de agir, na mídia, na escola e etc. Se você não se encaixa no padrão, está fora. Atualmente estamos revertendo padrões em alguns lugares. Estamos lutando por um mundo mais igual, apesar de ainda haver aqueles que prefiram o retrocesso ao passado (sem entrar em discussões, mas vocês viram todos os comentários durante essas eleições? sobre propostas de como o país deveria ser para algumas pessoas?). Insurgente como distopia mostra esse caráter humano, que está na maioria das culturas, de exclusão ao que não se encaixa com os ideias do outro, do que comanda. E, principalmente, do que é perigoso, pode reverter o status de "quem manda". Por isso, e por fazer os leitores refletirem sobre as qualidades de cada facção e sua importância na vida de cada um, já é um livro incrível que deve ser lido. Insurgente só nos faz conhecer ainda mais cada facção e refletir sobre as entrelinhas do sistema. Faz com que o leitor, junto de Tris e Quatro, busquem qual o segredo que a Erudição tanto buscava na Abnegação. 

       O que me incomodou durante a leitura foi algo que talvez não seja nada, que torne o livro até mais real para outros leitores. Foi o ar monótono do "dia-a-dia" do relacionamento Tris e Quatro. Resume-se neste link, assista. Não me interprete mal, a rotina deles já é cheia o bastante. Mas o relacionamento dos dois é menos "intenso" que uma amizade colorida. Ok, eles devem ser parceiros na luta. Mas para isso, realmente precisam resolver o problema de comunicação e confiança que há entre eles. Primeiro para serem parceiros na causa que buscam de verdade. Depois, para pensarem em serem amigos. E só mais tarde, para entrarem no nível de algo mais. Você tecnicamente só tem aquela pessoa. Passa a maior parte do tempo com ela. Teoricamente está num relacionamento. E não conversa, não abre o jogo? Isso é estar só. Tudo bem que a Tris é mais jovem, apesar de eu acreditar que certos acontecimentos que entristecem, causam culpa e etc, amadurecem muito uma pessoa - quando se mata alguém por que pensar em regras de recato e moralidade de "não me toque aqui e ali, não toco em você assim"?. Mas pelo menos o Quatro é mais velho. Teve mais tempo até na Audácia, que seria uma facção mais "liberal", e ele não toma nenhuma atitude. E eu falo de carinho no dia-a-dia. De um abraço com mais emoção. Nem isso sentimos durante a leitura. Porque quando estão juntos é tão rápido, que em relação a um livro cheio de dramas dos dois por causa de falta de confiança e etc, não fazem diferença. A impressão que fica é de um relacionamento ruim. Obrigatório, por causa das condições. Mesmo que Tris admita para si mesma seus sentimentos. Então, se você é o tipo de pessoa que lê um livro porque nele "também tem romance", esqueça. O bom aqui é a distopia. O romance é algo que aglomera problemas pessoais no meio do tumulto da história, que é praticamente uma "guerra" por um segredo. Em outras palavras, torna os personagens mais humanos, porém sem atitude - mesmo que peguem uma arma muito bem e negociem, falem bem, sobre os problemas técnicos do conflito.

     Em outras palavras, o livro é super recomendado. De preferência com a continuação em mãos, para os mais ansiosos. O final é praticamente um corte numa grande revelação, então... Se gostou do primeiro, vale investir nos dois próximos. A distopia continua excelente. Conhecer mais desse mundo é sensacional, pois há ainda mais em que se pensar. Ver as tramas e os confrontos entre as facções e os sem facção também. Não contei muito da história por medo de dar spoilers, acredito que seja bom saber menos sobre os fatos, porque um está muito ligado ao outro. Mas o que é necessário saber é que a busca pela verdade sobre a Erudição, o confronto com Jeanine, as questões da Audácia e das outras facções aparecem. Apesar de alguns momentos "de descanso", a leitura tem suas cenas de ação. Com aquela super corrida no final, até a grande revelação. Por outro lado, as mesmas cenas poderiam até ser melhores. Mais dinâmicas como as finais. Mas isso não faz com que o livro perca sua qualidade. Por isso, recomendado. Quatro estrelas.


"Nenhum egoísmo ou insegurança o impedia de perceber toda a bondade que havia dentro dela, como muitas vezes ocorre com as outras pessoas. Talvez esse tipo de amor só seja possível dentro da Abnegação. Eu não sei."



"A tristeza não é tão pesada quanto a culpa, mas rouba mais de nós."


"Sem facções? Um mundo onde ninguém sabe quem é ou onde pertence? Não consigo nem imaginar isso. Só consigo imaginar o caos e o isolamento que isso provocaria."
        
   E o que você anda lendo? Me conta!












Um comentário:

  1. Oi Vivi! Que resenha perfeita mulher!!!!
    Eu amo essa saga, o último livro é bem intenso, quando terminar vem falar comigo, sei que vai precisar conversar! ahahaha
    Eu amo Tris, Tobias é um lindooooooooooo, ele tem um borogodo que adoro! Parabéns flor!
    Beijãoo
    http://overdoselite.blogspot.com.br/2014/11/resenha-da-guerra-dos-mares-e-das.html

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