14 junho 2015

Resenha: Pequenos Deuses



Olá! Tudo bem com vocês? Vamos à resenha de um livro que é puro amor e aquela leitura diferente que você tanto procurava.

- Livro cedido em parceria com a editora - 


Autor: Terry Pratchett
Editora: Bertrand - Grupo Editorial Record
Assunto/ Categoria: Aventura, Religião, Infanto-juvenil, Crença, Ficção.
Páginas: 307
Sinopse: "Só porque você consegue explicar não significa que não seja um milagre."
Religião é um assunto controverso em Discworld. Todo mundo tem sua própria opinião e até seus próprios deuses, que podem ser de todas as formas e tamanhos. Nesse ambiente tão competitivo, as divindades precisam marcar presença. E a melhor maneira de fazer isso certamente não é assumindo a forma de uma tartaruga. Nessas situações, você precisa, e rápido, de um assistente. De preferência alguém que não faça muitas perguntas... "Esta sátira sobre a religião institucionalizada e corrompida sugere, com um humor ágil e intrigante, que o poder dos deuses talvez seja proporcional à crença de seus seguidores." - The Independent
"A inventividade espetacular de Terry Pratchett faz da série Discworld um prazer incessante na ficção moderna." - Mail on Sunday




"Só porque você não consegue explicar não significa que não seja um milagre"


Pequenos Deuses é um livro de ficção, uma narrativa, para ser mais específica. Só que enquanto lia o que eu mais via eram reflexões, pensamentos a respeito da vida, da fé e da história humana. Por isso foi uma leitura até mais demorada para mim. Então, apesar da história apresentar elementos mais infantis como um deus em formato de tartaruga, um homem não muito inteligente, mas com ótima memória e outras coisas fantasiosas, e situações engraçadas, o livro é genial e recomendado para todas as idades, mas principalmente aos que já podem "entender" o que autor quer dizer nas entrelinhas. Esse autor... fiquei com vontade colocar num chaveirinho! Primeiro pela foto com carinha de senhor fofo, depois pela mente sensacional. Sua escrita é irônica, sagaz e inteligente. Conta uma história e a cada linha nos faz refletir.


Neste enredo o que se passa é que o Grande Deus Om, cultuado por um povo de forma fanática, com direito a perseguição a infiéis e torturas e mortes, perdeu poder. No mundo retratado todos os deuses em que as pessoas acreditam existem, só que são retratados como seres que possuem sentimentos humanos e que não dão a mínima para seus seguidores. Só recorrem a eles porque precisam da crença das pessoas para existir. Quando muitas pessoas acreditam, há um deus com poder. Quando nenhuma acredita, o deus se perde. E quando poucas ou uma pessoa só acredita, o deus se vê limitado, é um "pequeno deus". É isso que acontece com Om. Seus muitos seguidores mesmo estando ali, enchendo templos, na verdade não acreditam nele, no Deus. E ele só se mantém no corpo de uma tartaruga, sabe-se lá como, pela crença de um único fiel: Brutha.


Brutha ocupa um cargo pequeno dentro da religião. Foi criado por um homem de maior influência dentro dela e aprendeu o que pôde com ele. Apesar disso, não sabe ler e não parece "culto" ou "esperto" para o meio em que vive. O que o diferencia e marca suas qualidades são uma excelente (de verdade!) memória e um coração gigante que acredita verdadeiramente na sua fé e tem esperanças de melhora, esperanças nos seres humanos. Por ser o único que acredita verdadeiramente no deus Om, é quem consegue ouvi-lo quando a pequena tartaruga se aproxima e começa a falar. No início você não coloca tanta fé no personagem, mas depois vê que é ele e seu coração bom que fazem a diferença num mundo onde isso é raro.


O autor cria cenas engraçadas, que dão pequenas alfinetadas no modo de viver a fé e na sociedade que diz protegê-la. Cada coisa que ele monta nesse mundo parece uma reflexão sobre a nossa realidade. Por exemplo, é impossível não ver reflexos dela quando o homem com maior cargo religioso é um tirano sádico que não tem fé em nada e nem conhece o deus por quem diz torturar e matar. Só sacia seus desejos de sangue em nome da religião. Como isso pode não nos lembrar do Tribunal da Inquisição de séculos atrás e as caçadas para garantia do poder? E a existência de várias crenças deve lembrar também a competição que as pessoas fazem para falar de sua crença como melhor que outra, quando na verdade fica claro o modo de divisão e que deus fica com mais fiéis. E como seria possível não reparar que a morte é uma só para todas as crenças? Em cada linha que o autor nos faz refletir sobre a realidade do que as pessoas chamam de fé de forma irônica e sagaz, o que torna o enredo aparentemente juvenil em algo maior.

O livro faz parte da série Discworld, que possui 40 livros, sendo este o primeiro publicado pela Bertrand. O autor faleceu recentemente, em março. E eu espero ter mais dessas preciosidades deixadas por ele publicadas aqui.

5 Estrelas

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