28 março 2016

Resenha: O refúgio do marquês


- Livro cedido em parceria com a editora -


Autora: Lucy Vargas
Editora: Charme
Assunto/ Categoria: Romance histórico, Ficção Nacional
Páginas: 310
Sinopse: "Agora você é meu refúgio e, com certeza, o mais belo". Henrik e Caroline não poderiam ser mais diferentes. Ele, o Marquês de Bridington, é um homem selvagem e inapropriado, que vive há anos no campo, fugindo dos fantasmas do seu passado obscuro e repleto de segredos. Ela, Caroline Mooren, a Baronesa de Clarington, é uma jovem destemida, com um passado doloroso, que recebe a missão de reformar a mansão e talvez o marquês, ao menos é o que a marquesa viúva espera. Ele é um caso perdido. Ela é uma mulher com um futuro incerto. Mas juntos, eles se completam e acendem a chama da paixão, que ambos acreditavam estar completamente extinguida, trazendo à tona segredos e temores que ambos escondem. Se reerguer sob o peso do passado será uma batalha que ultrapassará os limites do refúgio que o marquês pensa ter construído, mas será que o amor é capaz de ultrapassar tantas barreiras e vencer, ou eles perderão tudo outra vez?


Uma história de liberdade
O Refúgio do Marquês é uma daquelas leituras que nos fazem repensar nossas escolhas na vida. Parece uma frase muito impactante para começar a resenha de um romance histórico, eu sei, mas é o que acontece neste livro. Aliás, uma vez ouvi dizer que visitamos a história para evitar que erros do passado se repitam no presente. Aqui, isso entra muito bem, e para nós, leitoras de romances históricos ou apenas leitoras em geral, os livros talvez possam servir para vermos possíveis erros que devem ser evitados; neste sentido, ler se torna muito mais do que apenas sonhar acordada. Para mim esta leitura significou que não devemos cometer o erro de nos prender por livre opção, e sim escolher sermos livres. Vou explicar por que ao final da resenha. 


O refúgio do marquês citado no título se torna, após muito custo e muitas reviravoltas, Caroline Mooren, o que não é spoiler, já que vocês são leitoras inteligentes que sentem que se tem final feliz, é romance histórico, nenhuma resenha cita choro incessante nem nada, a conclusão óbvia é essa tendência previsível. E o tal marquês é Henrik, de Bridington. Ela é o tipo de mocinha que segue as regras do seu tempo, que sofreu no passado, foi vítima de enganações e crueldades, mas que tenta se reerguer e consegue pensar um pouco a frente do seu tempo, sendo sempre sensata, justa, corajosa e leal. Henrik não é o tipo de personagem que tem má fama por conquistas, mas é do tipo que é atormentado demais por um problema do passado (que gera vários outros).
O marquês vive em meio aos seus monstros pessoais, sofrendo o tempo todo e sem vontade de viver. Seu ato de rebeldia diante da insatisfação com a vida é se tornar recluso e não ligar para a vida social nem para as regras de etiqueta e muito menos para o estado de sua casa (com poucos empregados fiéis e que vive no caos). Sua mãe, insatisfeita com o total descaso do filho, "pede ajuda" à Caroline, de quem é uma parente bem distante também. Caroline, que é viúva de um casamento horrível que ainda por cima a deixou em má situação financeira, aceita o desafio de consertar a casa e o marquês para conseguir melhorar sua situação atual.

Aí é que a história começa, já diferenciada, pois geralmente a protagonista do romance histórico é super bem de vida e tem uma família que a impõe regras, incluindo sempre um pretendente indesejado. Caroline já ganhou certa autonomia por ser viúva, mas pagou um preço caro por isso, que deixarei vocês lerem para entender qual foi. Da mesma forma, a mocinha ganhou maturidade e vivência, o que a tornam diferente para o enredo e mais atraente para o marquês. Ah... o marquês! Henrik é totalmente diferente da visão do príncipe encantado, se pudesse, ele seria definitivamente o ogro encantado. Totalmente fora do padrão de vida enjaulado e sedentário dos nobres da época, com corpo atlético e bronzeado e o melhor de tudo: um caráter maravilhoso, mesmo tendo coisas ruins no passado. O único problema é que ele é inconveniente e carrancudo, dificultando muito o trabalho de Caroline. Mas aos poucos ela descobre as belezas deste homem, tanto físicas quanto interiores, ao mesmo tempo em que ele descobre as dela. Tudo começa com a amizade, depois vem a atração, que não pode se intensificar pelas barreiras do passado que ainda sobrevivem.

Mas com o tempo, as coisas se acertam. As dificuldades não são poucas, mas a maior de todas é a pressão social. A sociedade dita que ele e ela se portem de tal maneira, que façam tais coisas e que se não se encaixarem, ganham o peso do julgamento social. O pior de tudo, é o confinamento em que a sociedade coloca a ambos em momentos diferentes  do livro, de não poderem se livrar de situações de vida ruins pelo que vão pensar, por mudarem bruscamente o rumo da vida, porque são obrigados a seguir o roteiro padrão. No final vemos que nada disso importa, torcemos o tempo inteiro para eles se libertarem e serem eles mesmos, sem amarras e impedimentos, e problema de quem não gostar. É aí que reside o ensinamento de liberdade. Hoje vivemos com amarras também, mas estamos tão acostumadas, que elas passam disfarçadas. Mas se pensarmos bem, temos que seguir sempre a linha reta de ter mil talentos e papéis sociais, caso contrário, o indivíduo (principalmente a mulher), é considerado como não útil e não bom. O refúgio do marquês ensina que essas correntes invisíveis não são saudáveis e podem trazer muitos sofrimentos, mas  que o amor mais simples é um caminho que pode até ter seus riscos e consequências, mas que traz como prêmio maior a liberdade e a felicidade quando bem vivido por aqueles que devem vivê-lo.

5 Estrelas



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