08 junho 2016

Resenha: Inspiração


- Livro cedido em parceria com a editora -


Autora: Gisele Souza
Editora: Charme
Assunto/ Categoria: Romance, Música, Romance nacional, Superação.
Páginas: 320
Sinopse: ''A música nos envolvia numa sensualidade alucinante''. Para Layla Bonatti, não havia pessoa mais importante do que o seu irmão, Lucas. Criá-lo desde pequeno cobrou seu preço e seus próprios sonhos foram anulados, exceto um: a música, paixão que cultivava desde que era uma menina. Cantar no bar era o seu único prazer, em suas apresentações deixava transparecer todos os seus sentimentos. Desta forma, encontrou a recompensa tão sonhada: ser amada e valorizada, seus anseios mais secretos. Porém, o fantasma da perda ainda rondava o seu coração. Layla será capaz de esquecer toda a dor e finalmente abrir o seu coração para um intenso romance?

Deveria prestar atenção no romance, mas fui além.

Ai, gente ♥! Já falei pra vocês que adoro livros com música? Que adoro imaginar os personagens cantando também? É, eu adoro. E aqui temos bons momentos assim, já que a protagonista tem como uma de suas profissões o canto. Mas a história vai muito além disso. O segundo ponto interessante é o de ser de uma autora e de uma editora nacionais. Além disso podemos acrescentar: história de perdas, superação, heroísmo moderno, um médico sexy e "ultrarromantismo contemporâneo". Mas vamos por partes.

Layla perdeu os pais muito nova e, por isso, sentiu-se responsável por cuidar do irmão mais novo, Lucas. Desistiu de uma boa formação e insistiu em conseguir dois empregos para pagar a faculdade do irmão. Layla é cantora a noite e funcionária de um escritório durante o dia. Durante o dia é tempo das obrigações. A noite é a hora em que encontra sua verdadeira paixão: a música. Mas o grande sonho de sua vida fica apenas por aí, e tudo segue a mesma estrutura sem interesse em grandes mudanças, já que o objetivo de sua vida é cuidar do irmão e não de si própria. Neste ponto, já é possível observar a construção de uma heroína contemporânea: uma personagem de mérito pessoal, lutadora, fortaleza para os outros, caridosa. A mulher que mantém seu papel social e luta em prol do amor que tem na sua vida, mas que nem pensa em um amor no sentido romântico. Além da superficial perfeição eu vi um defeito que acredito que faria muita gente se identificar sem perceber: falta de amor próprio de verdade. Falo disso mais à frente.


E eis que um dia Bruno aparece. Ele é o perfeito "pareço um idiota no início, mas na verdade sou uma boa pessoa". No início ele aparece de modo superficial, não parece ter nada demais para cativar além da aparência e isso me incomoda bastante num livro quando persiste até o final; mas Bruno mostra a que veio ao longo da história, tendo sua personalidade melhor desenvolvida. Não entrou para o ranking dos meus mocinhos mais amados, mas foi aprovado para a história para mim. Para Layla há uma igual recusa inicial em relação a ele, pois Bruno não tem uma atitude nada legal no início e, como "pessoa bem preparada para a vida" que Layla é, ela lhe dá vários foras. Mas com o tempo eles conseguem se conhecer e entender melhor; daí para frente a admiração de um pelo outro só cresce.

Senti que o romance se construiu de forma bem intensa sem apelar demais para o drama, como acontece em alguns livros (principalmente new adults), que se tornam intensos pela enorme quantidade de problemas que os personagens trazem. Há, sim, conflitos, mas nada que nos tire o sono e a paz de espírito. Aqui é mais num sentido de intensidade pura dos sentimentos. Tudo acontece com rapidez, talvez um pouco rápido demais até do que me pareceu prometido inicialmente pela personalidade dos personagens; mas tem aquela justificativa de não poder esperar nem negar que se encontrou a pessoa certa. Para mim às vezes funciona, às vezes não. Em Inspiração, fiquei com um meio termo. Nesse sentido, o romance é bem cor de rosa.

Tirando a maior mensagem que ficou do livro para mim, eu diria que foi a abordagem do luto permanente depois de anos na família. E de acreditar que se ama imensamente alguém (Layla - irmão), e até amar, mas não conseguir antes disso se amar, se consolar, lutar por si própria. O mal da vida da mulher: cuidar de todos ao seu redor, amar intensamente e esquecer que precisa se cuidar em níveis mais profundos fora de padrões socialmente estipulados. O pensar do "eu" feminino me chamou muito a atenção nesse sentido. Esta parte talvez pudesse ser até melhor explorada do que foi, mas foi satisfatória para a proposta do livro, que tem como ponto principal o romance. O romance por si mesmo não me encantou em altos níveis, pois não me identifiquei tanto, mas transmitiu os sorrisos e a felicidade que os romances trazem. Senti lendo o livro que a autora escreve com muito amor e isso sempre será positivo em qualquer arte: o amor por trás da aparência superficial do objeto artístico é o que dá o brilho além da pura técnica.

3 Estrelas

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